domingo, 10 de fevereiro de 2013

Argo

 
 
 

 

Argo, um filme real

 

Pela sua premissa, «Argo» era aquele filme que não me suscitava muito interesse ver. De facto, a história de um resgate pelos serviços secretos de alguns diplomatas americanos em solo iraniano aquando da chegada de Khomeini ao poder em finais dos anos setenta, parecia-me algo requentada por ser um tema demasiado gasto. Nada de mais errado. Depois de «Vista Pela Última Vez» [2007], mas sobretudo após «A Cidade» [2010], com este seu recente trabalho, Ben Affleck demonstra ter encontrado o seu meio natural: a realização de filmes.

De facto, «Argo» está espantosamente dirigido e aquilo que poderia ser uma banal história de espiões infiltrados nas convulsões políticas um pouco por todo o mundo, transforma-se num espantoso ‘thriller’ onde o drama e o humor caminham de mãos dadas numa espiral de tensão que cola o espectador à cadeira da sala de cinema do primeiro ao último segundo do filme. E tanto assim é, que falar na fotografia irrepreensível, na espantosa direcção artística e outros atributos técnicos só faria com que nos perdêssemos do essencial: o excelente momento de cinema que uma realização poderosa de Ben Affleck proporciona aos amantes da 7ª arte.

E é ao som de Rolling Stones, Van Halen, Led Zeppelin e Dire Straits que «Argo» se agiganta como que iluminando a fabulosa interpretação de Alan Arkin [o produtor Lester Siegel] e, por outro lado, relembrando estrondosamente mestre Hitchcock, tal não é o nível de ‘suspense’ que a história atinge conseguindo obter do espectador de cinema o carinho e a excitação que só está ao alcance dos grandes filmes. Parabéns, Tony Mendez, o espião que conseguiu o feito de resgatar os seis diplomatas de Teerão, e parabéns, Ben Affleck, o homem que fez com que a realidade virasse ficção de alto nível. Assim, sim!

 

«Argo», de Ben Affleck, com Ben Affleck, Alan Arkin e John Goodman

 


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