Argo, um filme real
Pela sua premissa, «Argo» era aquele filme que não me
suscitava muito interesse ver. De facto, a história de um resgate pelos
serviços secretos de alguns diplomatas americanos em solo iraniano aquando da
chegada de Khomeini ao poder em finais dos anos setenta, parecia-me algo
requentada por ser um tema demasiado gasto. Nada de mais errado. Depois de «Vista Pela Última Vez» [2007], mas
sobretudo após «A Cidade» [2010],
com este seu recente trabalho, Ben Affleck demonstra ter encontrado o seu meio
natural: a realização de filmes.
De facto, «Argo» está espantosamente dirigido e
aquilo que poderia ser uma banal história de espiões infiltrados nas convulsões
políticas um pouco por todo o mundo, transforma-se num espantoso ‘thriller’ onde o drama e o humor
caminham de mãos dadas numa espiral de tensão que cola o espectador à cadeira
da sala de cinema do primeiro ao último segundo do filme. E tanto assim é, que
falar na fotografia irrepreensível, na espantosa direcção artística e outros
atributos técnicos só faria com que nos perdêssemos do essencial: o excelente
momento de cinema que uma realização poderosa de Ben Affleck proporciona aos amantes
da 7ª arte.
E é ao som de Rolling
Stones, Van Halen, Led Zeppelin e Dire Straits que «Argo» se agiganta como que iluminando a fabulosa interpretação de
Alan Arkin [o produtor Lester Siegel] e, por outro lado, relembrando estrondosamente
mestre Hitchcock, tal não é o nível de ‘suspense’
que a história atinge conseguindo obter do espectador de cinema o carinho e
a excitação que só está ao alcance dos grandes filmes. Parabéns, Tony Mendez, o
espião que conseguiu o feito de resgatar os seis diplomatas de Teerão, e
parabéns, Ben Affleck, o homem que fez com que a realidade virasse ficção de
alto nível. Assim, sim!
«Argo»,
de Ben Affleck, com Ben Affleck, Alan Arkin e John Goodman
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